Importar arroz pode parecer uma solução rápida para suprir a demanda interna, principalmente em casos atípicos, como no caso dos desastres de enchentes no Rio Grande do Sul. Mas essa prática traz diversos desafios econômicos.
Em primeiro lugar, a dependência de arroz importado pode tornar o país vulnerável a flutuações nos preços internacionais, o que pode resultar em aumentos repentinos nos preços ao consumidor. Além disso, custos adicionais como tarifas de importação, transporte e logística elevam o preço final do produto.
A importação também pode prejudicar os produtores locais, que enfrentam competição desleal com produtos estrangeiros frequentemente subsidiados.
Isso pode levar à redução da produção nacional, afetando a renda dos agricultores e, potencialmente, a segurança alimentar do país.
Quando os produtores locais não conseguem competir, há uma diminuição na produção interna, o que pode resultar na perda de empregos e enfraquecimento das comunidades rurais.
Outro ponto importante é o impacto na balança comercial. Importar grandes volumes de arroz pode aumentar o deficit comercial, afetando negativamente a economia do país. O dinheiro que poderia ser investido na agricultura local e em infraestrutura é, em vez disso, enviado para o exterior.
Finalmente, há o risco de dependência. Uma vez que um país começa a depender fortemente de importações, qualquer interrupção no fornecimento global, seja por questões climáticas, políticas ou logísticas, pode causar desabastecimento e crises alimentares.
Por todos esses motivos, é fundamental equilibrar a importação com políticas que incentivem a produção interna, garantindo um mercado mais estável e sustentável para todos.
CONAB
A Conab tem diversas ferramentas para apoiar nossos produtores de arroz e garantir a estabilidade do mercado?
Através da Aquisição do Governo Federal (AGF), a Conab compra arroz diretamente dos produtores a preços mínimos garantidos pelo governo, assegurando uma renda mínima aos agricultores.
Além disso, o Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) oferece incentivos para compradores que escoam o arroz para regiões específicas, ajudando a equilibrar a oferta e a demanda.
Para complementar a renda dos produtores, a Conab também utiliza o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (PEPRO), que oferece um suporte financeiro direto.
Outra ferramenta importante são os Contratos de Opções de Venda, que permitem aos agricultores venderem seu produto a um preço pré-determinado no futuro, protegendo-os contra quedas de preço.
A Conab realiza leilões públicos para adquirir arroz de produtores e cooperativas, formando estoques reguladores que podem ser utilizados para intervir no mercado e garantir a segurança alimentar.
Essas ações são estratégicas para garantir a estabilidade do mercado, proteger a renda dos produtores e assegurar o abastecimento interno de arroz no Brasil.
MIGUEL DAOUD
Palestrante e Analista de Economia e Política do Canal Rural